O Incrível Mundo dos Faróis

O Incrível Mundo dos Faróis
Mitos, estórias e inspiração
Texto de Capitão Herman Junior

Faróis Marítimos e a Navegação Costeira

Os faróis sempre exerceram um grande fascínio a navegadores e admiradores dos oceanos, pela sua robustez, imponência e pela combinação perfeita como olhos direcionados ao mar para proteger, os que navegam, com suas luzes. Mas obviamente, foram construídos para auxiliar a navegação costeira. Muitos fatores, como nevoeiros ou chuvas comprometem a visibilidade e os faróis mostram o caminho.

O Farol de Alexandria
Construído em 280 a.C. na ilha de Faros, o farol de Alexandria foi o primeiro farol que se tem registro. Alexandre, o Grande fundou a cidade de Alexandria e a conectou a Faros através de um molhe, mas foi no reinado de Ptolomeu que o farol começou a ser construído. A ilha grega de Faros foi a inspiração para o nome farol em diversas línguas românicas, línguas que se originaram da evolução do latim como (faro) em italiano, (phare) em francês, (far) em romeno e (farol) em português. Muitos outros faróis foram construídos pelos romanos após isso, no Mar Mediterrâneo, no Mar Negro e no Oceano Atlântico, mas desapareceram com a queda do império romano ressurgindo no século XI apenas devido a expansão marítima das grandes navegações.

Os faróis foram criados para orientar navegadores a localizar entrada de portos, presença de recifes ou bancos de areia e demais obstáculos perigosos à navegação. Posteriormente com a evolução se tornou um grande auxílio à navegação costeira, pois as cartas náuticas passaram a ter os dados informados em detalhes, facilitando a plotagem na rota de navegação.

Os faróis eram inicialmente alimentados com azeites de oliveira ou de baleia e evoluindo gradativamente para o petróleo, gás e desde 1922 a iluminação elétrica passou a ser implantada com o recurso de geradores a óleo diesel para o caso de falta de energia. Ao longo dessa evolução os faróis foram sendo equipados com es

pelhos óticos, lentes e refletores em um mecanismo de rotação que permit

 

ia que a luz, respectivamente, alcançasse maiores distâncias e tivesse intervalos, entre luz e obscuridade, para transmitir informações aos navegantes.

O intervalo das luzes e o t

empo no escuro são basicamente a identidade do farol, pois esses dad

os vem registrados na carta náutica e também é possível nessa descrição da carta, saber a altura desse farol e o alcance em milhas náuticas que sua luz pode alcançar.
No Brasil, há registros de pelo menos 216 faróis, 15 radiofaróis e 573 faroletes.

 

Desafiando a fúria do mar

Muitos faróis desafiam a força das ondas, pois estão situados no mar onde muitas vezes parecem ser engolidos por ondas gigantes.

Em 21 de dezembro de 1989 o fotógrafo Francês Jean Guichard sobrevoava de helicóptero o Farol La Jument após uma grande tempestade e registrou um momento que viria a ser uma das mais famosas fotos de faróis do mundo. O momento exato em que uma enorme onda engolia o farol no instante em que o faroleiro Theophile Malgorn saía a porta para verificar o que estava acontecendo para o helicóptero estar sobrevoando o farol. Por questões de segundos a fúria da natureza versos o homem não tirou a vida de Theophile que hoje vive numa ilha próxima a Quessant em Breatanha na França.
Esta região da Bretanha é considerada uma das regiões mais perigosas do mundo para a navegação, por isso há uma grande concentração de faróis que enfrentam há séculos as forças da mãe natureza e mares furiosos.

O Guardião do Farol
O faroleiro é o nome que se dá ao profissional mantenedor do farol. Ao longo dos séculos com a evolução dos faróis e a automação dos mesmos, essa figura precisou ser reinventada, mas ainda hoje inspira até mesmo filmes de Hollywood como o suspense Half Light (Protegida por Um Anjo) com Demi Moore e Henry Ian Cusick, que se passa em uma vila remota na costa da Escócia e em uma ilha com um farol desativado que ganha vida.

Muitos já devem ter ouvido falar dos fantasmas do far

ol da Moela, inaugurado em 1830, no litoral de São Paulo. A lenda conta que vultos de escravos, que trabalharam na construção do farol e lá morreram, aparecem à noite nas paredes do farol. Lendas e estórias ganham força devido a esse verdadeiro fascínio e admiração que existe em torno dessas lan

ternas gigantes que se situam isoladas, muitas vezes em ilhas distantes, mas que nos protegem, olham por nós e nos guiam para locais seguros.
O Faroleiro moderno hoje, também conhecido como “Técnico de Sinalização Náutica” exerce uma importante função na operação dos sistemas e afazeres envolvidos em um farol que incluem o planejamento e controle dos Sinais Náuticos, manutenção de boias luminosas, balizas, determinação geográfica de sinais náuticos dentre outras que envolvam a manutenção predial e elétrica das instalações. O guardião da luz mudou, evoluiu, mas ainda está lá nos faróis que não são totalmente automatizados.

 

A milenar relação entre faróis e navegadores, jamais irá sucumbir às tempestades ou a mares revoltos, pelo contrário a cada feixe de luz revelado na escuridão da noite nascerá uma nova história e uma nova esperança de chegar, de partir ou de saber que aqueles olhos iluminados revelam com segurança o melhor rumo de nossas travessias.